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A Era das Válvulas e Gigantes de Ferro: Como os Computadores Surgiram na Década de 1940-1950

Quando você encosta o dedo no seu smartphone e manda aquela mensagem com emoji e gif, provavelmente não pensa muito sobre as origens dessa tecnologia. Mas já parou pra imaginar que tudo isso começou com uma máquina do tamanho de uma sala de aula, que usava válvulas do tipo das que tinham em rádios antigos e que pesava tanto quanto cinco elefantes?

É exatamente aí que começa a nossa história. Vamos voltar no tempo, para a década de 1940–1950, e descobrir como nasceu o primeiro computador eletrônico de uso geral: o ENIAC.


O mundo antes dos computadores

Antes de existir algo que pudesse ser chamado de “computador”, a palavra “computador” era um título de trabalho. Sim, pessoas — geralmente mulheres — que faziam cálculos complexos manualmente, especialmente durante a Segunda Guerra Mundial. Essas “computadoras humanas” trabalhavam em laboratórios, exércitos e universidades, e desempenharam um papel crucial na corrida tecnológica.

Mas com a guerra, veio também uma demanda gigantesca por poder de processamento. Era preciso calcular trajetórias de artilharia, que envolviam dezenas de variáveis. E isso precisava ser feito rápido. Muito mais rápido do que qualquer humano poderia fazer.


ENIAC: O titã de 30 toneladas que começou tudo

O que era o ENIAC?

ENIAC significa Electronic Numerical Integrator and Computer. Desenvolvido por John Mauchly e J. Presper Eckert na Universidade da Pensilvânia, o ENIAC foi finalizado em 1945. A máquina pesava 30 toneladas, ocupava mais de 140 metros quadrados e usava cerca de 18.000 válvulas eletrônicas.

Curiosidade: O ENIAC consumia tanta energia que, segundo algumas lendas urbanas, causava quedas de luz no bairro onde estava instalado.

Como funcionava?

Diferente dos chips de silício modernos, o ENIAC operava com válvulas — componentes eletrônicos que controlavam o fluxo de corrente elétrica. Pense nelas como os ancestrais distantes dos transistores. Elas esquentavam, queimavam e precisavam ser trocadas constantemente. Era como tentar manter acesa uma cidade inteira de lâmpadas problemáticas.

Os programas não eram escritos em linguagens de alto nível, claro. Para “programar” o ENIAC, os operadores literalmente plugavam e desplugavam fios, giravam chaves e redesenhavam circuitos manualmente. Era mais parecido com montar um painel de energia elétrica do que com escrever código.


Por que o ENIAC foi um marco tão importante?

Apesar de todas as suas limitações físicas, o ENIAC foi revolucionário por vários motivos:

  • Velocidade: Ele podia resolver em segundos cálculos que levavam dias para serem feitos à mão.
  • Automação: Era um dos primeiros computadores totalmente automáticos. Uma vez programado, ele rodava sozinho.
  • Versatilidade: Embora não fosse reprogramável de forma fácil, ele podia ser adaptado para diversos tipos de tarefas matemáticas.

Além disso, o ENIAC demonstrou que a computação eletrônica era viável — e necessária. Foi o primeiro passo concreto na transformação do mundo em que vivemos hoje.


Computadores como armas: a Guerra Fria e a corrida tecnológica

O contexto da década de 1940 e início dos anos 50 foi fortemente marcado pela Segunda Guerra Mundial e, logo em seguida, pela Guerra Fria. Isso significa que boa parte dos investimentos em tecnologia — inclusive computacional — vinham de interesses militares.

O ENIAC, por exemplo, foi financiado pelo exército dos Estados Unidos. E após sua inauguração, não demorou para que outros governos e instituições começassem a investir em suas próprias máquinas.

Na sequência vieram o EDVAC, UNIVAC, e outros acrônimos que, embora não tenham entrado tanto na cultura pop, foram fundamentais para a evolução do conceito de computador como conhecemos.


A transição das válvulas para os transistores

Se os anos 40 foram a era das válvulas, os anos 50 começaram a flertar com os transistores. Inventado em 1947 pelos laboratórios Bell, o transistor permitia construir computadores menores, mais confiáveis e com consumo de energia drasticamente reduzido.

Mas não foi um pulo imediato. As válvulas ainda continuaram sendo usadas por boa parte da década de 1950, especialmente em computadores de grande porte. No entanto, o surgimento do transistor marcou o começo de uma transição que iria acelerar de forma insana nas décadas seguintes.


Quem eram os gênios por trás dessas máquinas?

Não dá pra falar do ENIAC sem mencionar os nomes por trás do projeto:

  • John Mauchly e J. Presper Eckert: Os pais do ENIAC. Mauchly era físico, Eckert era engenheiro. Juntos, eles criaram o projeto, convenceram o governo a financiar e lideraram a construção do equipamento.
  • As programadoras do ENIAC: Pouco conhecidas por muito tempo, seis mulheres — Kay McNulty, Betty Jennings, Betty Snyder, Marlyn Wescoff, Fran Bilas e Ruth Lichterman — foram responsáveis por operar e programar o ENIAC. Elas literalmente criaram o conceito de programação prática. Heroínas silenciosas da computação.

Comparações absurdas: ENIAC vs smartphones

Só pra brincar com a cabeça um pouco:

CaracterísticaENIACSmartphone moderno
Peso~30 toneladas~200 gramas
TamanhoUma sala inteiraCabe no bolso
Consumo de energia~150kW~5W
Capacidade de memória20 números de 10 dígitosDezenas de gigabytes
Processamento5 mil instruções/segundoBilhões de instruções/segundo

Dá até um nó na cabeça pensar que hoje a gente usa um poder computacional absurdo… pra assistir TikTok de gato.


O legado do ENIAC e da era das válvulas

O mais fascinante dessa época é que, mesmo com as limitações tecnológicas extremas, a semente da computação moderna foi plantada ali. Toda a estrutura lógica — entrada, processamento, armazenamento, saída — já existia. Era rudimentar, mas funcionava.

Mais que isso: o ENIAC e seus contemporâneos provaram que pensar computacionalmente era possível. Eles abriram caminho para as linguagens de programação, os sistemas operacionais, a computação pessoal e, eventualmente, a internet.


Onde tudo isso nos trouxe

Hoje, vivemos cercados por computadores invisíveis — no bolso, no carro, na geladeira, no relógio. E essa ubiquidade só é possível porque, décadas atrás, alguém acreditou que poderia construir uma máquina gigante, cheia de válvulas, capaz de fazer cálculos matemáticos com eletricidade.

É estranho, mas é verdade: cada clique, cada swipe, cada “Ok, Google” tem um pedacinho de válvula lá dentro. Não fisicamente, mas na essência.


Conclusão: Gigantes de ferro com corações de fogo

A década de 1940–1950 foi um momento de ousadia, de engenharia bruta e ideias visionárias. O ENIAC não era bonito, nem prático, nem barato. Mas foi um salto de fé que deu certo. Foi o primeiro de muitos.

Então, da próxima vez que você reclamar que seu Wi-Fi tá lento, lembre-se: em 1945, o topo da tecnologia era uma máquina que ocupava uma sala inteira e levava horas pra resolver uma equação.

E mesmo assim, alguém teve coragem de sonhar que dava pra fazer melhor. E fez.

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